Um dia um dos pontos notáveis da cidade negra foi sua hotelaria. Não era uma rede de hotéis e tampouco inúmeros deles disputando clientes, mas um único que destacava-se pela comodidade e moderado requinte. O Hotel Califórnia, um prédio de cinco andares e com um enorme C visível em seu topo, atualmente está caindo aos pedaços. Por fora, a cor vermelha ainda prevalece um pouco na edificação, apesar de gasta e descascando. A maioria das janelas quebradas, tal como a porta que levava para o Hall de Entrada escancarada. Nele, a antiga recepção não trazia mais nenhum atrativo. Atrás do balcão estavam guardadas as chaves da maioria dos quartos. Entre eles, três suítes. Havia um luxo maior nelas, com cama de casal, uma varanda com vista panorâmica para a rua principal e um banheiro que costumava ser invejável, fazendo jus ao valor altíssimo que se pedia. Os quartos comuns, por sua vez, não passavam de pequenos quadrados com uma cama com cabeceira e abajur. O bolor tomava conta dos móveis, das paredes e também do assoalho. Pelos corredores e escadarias, a falta de luz os torna ainda mais macabros do que já são por natureza. Barulhos e ruídos por toda parte.