A Cabana não era das mais amigáveis e sabe-se lá quantos já não passaram por alí em seus momentos de desespero ou angústia. Por fora, via-se que era composta de tábuas de madeira que por mais frágeis que aparentassem ser, com certeza já haviam suportado baques grandes. Por dentro, as marcas eram ainda mais presentes. Arranhados profundos, manchas ressecadas de sangue e buracos que derivavam do ricochete de feitiços estavam por toda parte. Um único cômodo e nada além do básico para uma noite quase bem acomodado. Um pequeno tapete no sopé da porta dava simpáticas "Boas Vindas" para os visitantes. Uma poltrona de couro era o primeiro assento e ela costumava se mexer sozinha, ladeada por um colchão duro feito pedra por onde a maioria da espuma escapava. Sobre a cadeira de três gavetas, uma lamparina que nunca se apagava. O mais curioso, porém, era o quadro na parede. Quadro até que grande, com a pintura de uma linda garotinha. Olhos verdes, madeixas ruivas, sardas nas bochechas. Seu nome, assinado na borda, era Emily. Dizem que durante o ritual ela brincava na cabana que pertencia à sua família e que nunca conseguiu se desprender verdadeiramente do lugar. Que ainda está alí. Em espírito.