Por meio de magia está ala não possui exposição, muitos não sabem que está existe, e os que tem conhecimento não sabem a encontrar e nem mesmo o que encontrar. Por esse motivo não se tem uma exata descrição do ambiente interno, suas paredes de aço mescladas com feitiços contra artes das trevas a fazem praticamente inexistente. Muitos que acreditam em sua existência se perguntam o que lá vive, afinal possuem orientação direta do Ministério para levar alimentos 2 vezes ao dia e água, a entrega destes se dá pelo seguinte meio. Um funcionário bruxo na faixa de seus 80 anos, que perderá a visão a mais de 30 anos atrás, vai até um corredor lateral, com isso uma barreira magica o envolve, apenas este e o Ministro tem acesso ao corredor, ele prossegue até encontrar uma mesa vazia, ali coloca a bandeja e em instantes está some e em seu lugar retorna a anterior vazia. Mesmo um dos funcionários mais antigos não a conhece realmente, apenas sabe dessa via de ligação. Apenas um antigo ministro realmente entrava ao local, e mesmo este poucas vezes.
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Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Seg Out 14, 2013 5:46 pm
O que é o tempo? O que são os dias? O que é... Viver? Por quanto tempo estava ali? Toda a sua vida, certamente. Não tinha nome, não tinha sentido, não tinha emoções. Não ter nada; esta era sua única posse. Não sabia nada, exceto respirar. Algo (não sabia-se exatamente o quê) o alimentava e o mantinha hidratado diariamente. As outras necessidades básicas, simplesmente não possuía.
...aaarrrh...
Nunca viu a luz. A escuridão, sempre presente, era sua amiga; Esta, nunca o abandonou. A única certeza que sempre teve, foi que esta: jamais deixaria de ter no escuro um acolhimento.
Não sabia pensar. Não sabia se mover. Não sabia agir. Era inútil, mas era poderoso.
Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Seg Out 14, 2013 5:59 pm
Nunca antes movimentou os olhos; mantinha-os fixados sempre em frente. Seus cabelos, também, nunca cresceram; tal qual sua barba e feição. Nunca havia visto-se antes em espelho. Não era necessário, no entanto: nunca mudara e nem nunca mudaria. A única verdade que sua mente atrofiada conhecia era uma: nada nunca mudaria, e tudo sempre seria como é: escuro, escuro e escuro.
...ahh...
Nunca antes viu qualquer semelhante ao que imaginava ser ele mesmo. Nunca sentiu algo que não fosse o frio. Nunca ouviu nada além do nada.
Contudo, este nada, hoje, não era tão solitário assim...
Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Seg Out 14, 2013 6:15 pm
Em dado momento, ouviu um sussurro. Vinha de nada e de lugar nenhum, mas vinha. Seguido deste primeiro sussurro, veio um segundo e um terceiro. Não significavam nada, mas para ele, que nunca ouviu nada e nem sentiu nada, este novo nada era mais do que tudo. Nunca antes havia sentido nada como aquilo.
... O... qu..e...?
Sussurrou, em sua mente, a primeira frase de sua vida. Sentiu uma torrente de novos sentimentos. Não entendia nada daquilo e espantou-se. Mas o que era aquilo? O que eram essas sensações? O que era aquilo tudo?! Medo? Surpresa? Temor? Terror? Deste último, aparentemente, gostou mais.
Neste dia de novas emoções, experimentou mexer os olhos...
Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Seg Out 14, 2013 6:34 pm
Olhou uma vez. Olhou uma segunda vez. Olhou uma terceira vez. Uma frase sobre uma palavra de seis letras surgiu. Não sabia o que ela significava.
Outro sussurro. Desta vez, mais longo.
Virou, conscientemente, os olhos na direção do som. Este, no entanto, vinha... De longe... E de dentro de uma parede?
"Esquecido e abandonado aqui. E ainda assim, espero um dia agarrar a garganta dele... ... aahhaahhaaahhahahHAHAHAHAHAH... ... e então apertar, apertar e apertar, e fazê-lo, fazêêê-lo... sangraaaar enquanto o mato!! HAHAHAHAHAHAHAaaaahaha... haaa...haahh... ... Mas nunca me deixarão sair daqui, e nunca poderei experimentar de novo ELA, coma aquele corpo quente, JOVEM E MACIO, enquanto chorava dizendo que DOÍA... NUNCA poderei tê-la novamente enquanto me saciava... e nunca poderei vê-la morrer novamente..."
Ouviu este pensamento psicótico, vindo direto da mente de algum preso vizinho. Sentiu toda doença, todo o prazer e toda a tensão que vinha dali. Aqueles sentimentos entraram dentro de si, e dali não sairiam.
Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Ter Out 15, 2013 6:58 am
O som daquela voz reverberou nos pensamentos dele por bastante tempo. Então... O que era aquilo? O que era isso tudo, afinal? Sons? Vozes? Sussurros? ...Passos..? Passos?! Ouvindo passos chegarem, virou, com olhos nunca antes tão abertos, sua cabeça para trás.
"Novamente, este frio... Após longos anos de trabalho, era isso que me restava, no fim? Servir, servir e servir... E nem imagino O QUE tenho que servir!"
Como um predador no escuro, observou, no interior da sua amiga escuridão, a figura idosa e de olhos leitosos aproximar-se. Tomado por um instinto bestial, avançou com um salto sobre ela e, com força, pressionou-a no pescoço , enquanto agitava e batia nervosamente aquela cabeça anciã nas grades que o prendiam do mundo.
...e então apertar, apertar e apertar, e fazê-lo, fazêêê-lo... sangraaaar enquanto o mato!!...
Com os olhos vidrados e com a boca salivando, bateu, bateu e bateu, com a cabeça daquilo que nunca antes tinha visto nas grades. Apertou, cada vez mais, cada vez mais... Cada vez mais... Até que, por fim, decapitou o ancião devido a força de suas mãos.
O sangue jorrou e molhou sua face e, pela primeira vez, sentiu os músculos da face contraírem-se em forma de um sorriso.
Savage
Mensagens : 7 Data de inscrição : 05/09/2013
Assunto: Re: Ala Oculta Qua Out 16, 2013 11:59 am
Estático, imóvel e mudo - e vísceras nas mãos -, ficou parado, sorrindo, enquanto segurava o resto do homem em seus punhos. Até antes, não sabia - e nem nunca soube - o que era sentir-se... vivo; Isso mudara hoje.
Seus olhos percorreram a cada vez maior poça de sangue que formara-se no chão, e ele salivou outra vez. Sentia necessidade de tocar aquele sangue, banhar-se naquele sangue; beber daquele sangue.
Riu-se, contudo, pois percebeu, por fim, que não era aquele sangue imundo que queria para si - era o seu próprio!
Caminhou, ereto e calmo, para o centro da sela. Esticou os braços e olhou para eles. Sorriu novamente, e começou a comer sua mão esquerda. Gritava como um louco enquanto o fazia, ao passo que também ria como um louco ao passo que sentia seu próprio sabor inundando sua boca.
Um dedo; o maior; Outro dedo, dessa vez, o indicador.
Sentia os ossos quebrando-se em seus dentes, e riu também daquilo.
O terceiro dedo foi o do meio.
Começou a sentir o corpo tremendo enquanto alimentava-se de si mesmo, e bebia do próprio sangue.
... hahahahHAHAHAHAHAHAHAHA
Enfiou o que restou do braço em sua boca acerta e, com uma mordida, dilacerou o que restou de sua própria mão.
Outra sensação nova: o que era aquilo surgindo em seus olhos? Lágrimas. Seu novo amigo, seu sorriso, sabia, nunca sumiria; das lágrimas, no entanto, gostou ainda mais. As sentia descerem quentes pela face suja de sangue e, com a língua, recolhia as que podia. Gostou do sabor das lágrimas e gostou do sabor do sangue. Das suas lágriamas e de seu sangue.
Chorando, sangrando e tremendo, olhou novamente na direção do que antes não conseguira compreender. Leu, por fim, a primeira frase de sua vida.
Com passos trôpegos, escreveu, com o sangue que brotara de sua mão devorada, a palavra que leu onde antes não compreendia.
Sentiu vida e sentiu morte. E sentiu o que era poder controlar e dominar alguém.
As paredes da cela, no entanto, foram decoradas com seu sangue. Caminhou até o centro e, antes de desmaiar, pôde contemplar o que fora escrito. Em todos os cantos, em todas as paredes, uma única palavra:
SAVAGE.
Thomas Catena Catedráticos Institucionais
Mensagens : 6 Data de inscrição : 05/09/2013 Idade : 52 Localização : Barcelona, Espanha
Assunto: Re: Ala Oculta Qua Out 16, 2013 4:22 pm
Um lugar mais do que escuro e de uma quietude insana, por mais que andasse eu não via nada a não serem as paredes metálicas enferrujadas embebidas pela umidade iluminadas pela fraca faísca de minha varinha. Meus passos também eram o único som que meus ouvidos distinguiam. Sabia do tamanho da severidade do serviço imposto a mim e quanto o nosso mundo dependia disto. Ele a quem não se conhecia nem o nome vivia ali deste sempre e era vigiado como uma ameaça em potencial imensurável. Era estranho imaginar o porquê de ainda estarem mantendo-o vivo desta forma, era uma loucura e uma ofensa a humanidade preservar aquele ser entre nós. Desconhecia as motivações do Ministério, mantinham está ficha em segredo absoluto, mas algo me levava a crer que era claro que ele ainda estava ali não por fazer parte de algum plano de utilização futura ou reabilitação; ainda era desconhecida uma maneira de findar sua vida. O que eu tinha conhecimento era de que em dado momento ele despertaria e traria consigo algo bem pior do que uma guerra de proporções nucleares.
Fui informado que o funcionário que costumava vir alimentá-lo havia sido sua primeira vítima o que acendeu o meu receio. Ninguém além de mim conseguiria entrar ali sem possuir um nível elevado nas artes das trevas e, além disto, eu tinha total aval do Ministro. Em minhas pesquisas recentes obtive um modo de neutralizar permanentemente o dom da magia nos bruxos comuns, era uma poção que mesmo em pequena quantidade tinha uma margem de sucesso em quase cem por cento. Era uma ótima arma não só contra Ele, mas também poderia ser usada como punição máxima para criminosos extremistas. Foram as noites atrás de manuscritos perdidos ou de alguém que ainda tivesse conhecimento sobre tal, felizmente não era só uma lenda. O Senhor Daguerreo era uma figura tão difícil de ser encontrada quanto um grão de areia no deserto e mesmo quando o encontrei convencê-lo a me ensinar a produzir a poção custou mais um tempo. Mais prolongado que isto foram as aulas que tive durante minha estadia em Paris em sua residência conseguindo ao seu final o que eu mais queria. De volta a Durmstrang comuniquei-me somente a Gabriel e este logo me incumbiu desta tarefa.
Depois de um tempo alcancei a sela, a mesma conseguia ser mais perturbadora do que o caminho que percorri anteriormente. Meus olhos escuros e atentos enxergaram a silhueta borrada do sangue no chão, não era possível distinguir que era vermelho, mas o cheiro ocre estava impregnado por toda a parte. Havia um corpo sem vida no local e seu estágio de decomposição já era avançado. Minha expressão tensa mesclou-se ao ambiente dantesco, onde será que Ele estava? Seria melhor eu encontrá-lo primeiro do que o oposto. Dois passos foram necessários e logo senti sua presença que me trazia algo pior que o medo e sim a ausência de sentimentos. Estirado no chão como um pedaço de carne flagelada e numa posição torta, um homem desacordado e sem parte do braço. Será que houve alguma por aqui? Foi minha primeira hipótese. Percebi que estava perdendo muito tempo fazendo analises. Do bolso de minha jaqueta retirei um tubo de ensaio contendo um liquido transparente semelhante a água. Agachei-me próximo ao rosto Dele e o despejei no buraco que julguei ser sua boca. Ele não precisaria engolir o contato com a língua já serviria para que a composição se espalhasse por seu sangue e agisse depressa. Levantei e segui pela porta da cela sem antes deixar de notar o que estava escrito na parede em sangue, Savage. Não soava como um nome era um som que me recusei a soletrar. Já me sentia mal nos dez minutos em que ficava ali, queria poder estuda-lo, mas era muito arriscado. Em meio às trevas desapareci indo de volta a luz de onde eu já sentia saudades.
Gabriel Catena Autoridades Máximas
Mensagens : 40 Data de inscrição : 04/09/2013 Idade : 52
Assunto: Re: Ala Oculta Sex Out 18, 2013 7:01 pm
Gabriel vacilou e quase caiu de joelhos. Tomado por apreensão, descuidou-se em verificar onde colocava seus pés e não percebeu o súbito fim das escadas. Sabia aonde chegara, agora... Faltava pouco para o local, para a cela, para o inferno. Aprumou-se, estacou e aguardou Deko chegar até si e, antes de prosseguir, ateve-se em dar algumas explicações necessárias.
– O Senhor Daguerreo, este que mencionei, não sei se você sabe, foi um dos primeiros ministros que possuímos registro em Durmstrang. Ele já era muito velho quando Gilderoy era diretor e está mais velho ainda hoje. O Senhor Daguerreo dedicou, e ainda dedica sua vida ao preparo das mais complexas e distintas poções. Vive em Paris, pelo que sei, mas é de tão difícil acesso que demorei anos para encontrá-lo. Por mais idade que tenha, mantém-se muito vital. Acredito que seja fruto de alguma poção para retardar o envelhecimento, pois este tipo de preparado é o que se espera dele, muito embora eu não tenha interesse em prolongar a vida.
Se tivesse visão, Gabriel agora estaria de olhos fechados. Respirou profunda e lentamente. O ar ali era puro, bem sabia. Não era o oxigênio o que mais torturava naquele local – e nem o frio; este agora não mais presente.
– Foi ele, o Senhor Daguerreo, que cruzou dados dos estranhos atos que aconteciam ao redor do mundo, espaçados entre centenas e milênios, muitas vezes sequer registrados como atos de bruxaria. Esta descendência, a de Merlin, remonta aos primórdios da magia... Esta, que nasceu com todos nós, teve que nascer em alguém primeiro... E é aí que começa o problema. Imagine como era a mente do homem primitivo, mas dotado de magia? Por serem poderosos, eram logo tidos como aberrações e caçados. Fomos quase extintos diversas vezes... Contudo, sempre sobrevivíamos.
Entrava ali no complicado jogo de palavras, que requeria a total atenção do auror – e Gabriel sabia que a possuía.
– Os primeiros “poderosos”, que sequer sabiam que eram bruxos, não precisavam de varinhas para usar a magia. Nós, ainda nos dias de hoje, conseguimos utilizar alguma pouca feitiçaria sem o uso das varinhas, mas somos totalmente dependentes delas. Os primeiros, no entanto, começaram a se multiplicar e miscigenar, rareando o sangue e tornando a magia, aos poucos, cada vez mais diluída. Contudo, um grupo, que mais tarde formou uma família, manteve o costume primordial e não fez o uso de varinhas. É deste grupo, desta família, que Merlin descendeu. Este, pelo que sabemos, não praticou a magia sem o uso da varinha. Encerrou, com ele, a antiga tradição de não fazer feitiçaria desta forma.
Gabriel estendeu sua mão direita e tocou no ombro direito do auror. Sorriu, pois mesmo sem poder ver, sabia que a testa de Deko estaria franzida por registrar todas aquelas informações.
– Espero não estar cansando-o... Mas nossa história termina agora, com o que vou te dizer. Merlin encerrou a tradição, mas em seu sangue estava contida a verdadeira magia pura, concebida e trabalhada desde os primeiros poderosos até os dias de hoje. Geração após geração, esta condição foi sendo passada a diante... Até hoje. Com o passar do tempo, esta condição de não usar varinhas para canalizar a magia fora se tornando cada vez mais instável e volátil. Os “acidentes” aconteciam com cada vez mais frequência e estavam saindo do controle... Explosões, acidentes, atentados... Tudo isto estava acontecendo nos mundos trouxas e bruxo sem que soubéssemos quem estava causando. O Senhor Daguerreo, então, juntou os dados, refez a história e conseguiu traçar a linhagem até os dias presentes. Por fim, restou um, que está aqui.
Gabriel, então, parou de falar e apanhou sua varinha. Caminhou até o centro do corredor, concentrou-se e conjurou, o mais alto e com mais força que pôde, apontando para o teto, o fim do fortíssimo encantamento ilusório que o Senhor Daguerreo lançara ali. FINITE INCANTATEM!!!
De sua varinha irrompeu uma onda de luz e o cenário revelou-se: Gabriel e Deko estavam em uma sala quadrada, ornamentada com quatro dragões de pedra, um em cada canto, que pareciam vivos e prestes a atacar – seus olhos moviam-se. Presos na boca de cada um dos dragões estavam archotes com uma chama azulada, que davam o tom do ambiente. Os antes mais de cem degraus haviam sumido. Em seu lugar, agora, estavam apenas cinco degraus de pedra que terminavam na passagem que Gabriel abrira. A escuridão, a pressão pela descida e os degraus eram todos frutos da feitiçaria do Senhor Daguerreo. Após conjurar com tamanha brutalidade o feitiço, Gabriel não imaginou que não fora somente o encantamento ilusório que ele havia posto fim, mas também outro muito mais essencial naquele lugar...
– Por favor, venha comigo ver o inumano Savage, o último descendente dessa linhagem, e entenda a ameaça que ele representa para toda a comunidade bruxa – e também para o mundo, e veja o que o Senhor Daguerreo fez com ele.
Deko Càminn Aurores
Mensagens : 23 Data de inscrição : 06/09/2013 Idade : 52 Localização : Desconhecida
Assunto: Re: Ala Oculta Sex Out 18, 2013 9:52 pm
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ㅤㅤ ㅤQue longa história! Esses tipos de relatos despertavam a curiosidade de Deko Càminn desde a época de criança. Só que ali, com uma quarentena de vida, os acontecimentos pareciam ter um peso maior do que tinham quando escutava coisas na sua juventude: tudo agora tinha um sentido mais definido, talvez até uma proximidade com a realidade maior que ele sentia antes. Se ouvisse o conto de Gabriel na época de estudos no Instituto de Magia Durmstrang, uma conversa sem fim estaria para começar, com especulações e suposições. No entanto, o sentimento de seriedade era muito mais que presente e, sim, eram difíceis de digerir. ㅤㅤ ㅤSua testa — bem como Catena notava — mostrava que a mente de Deko estava a processar as informações. — Eu não sei nem o que dizer. É como provar pra alguém que sua filosofia de vida está totalmente virada para baixo. É como desmentir alguém, como apresentar a realidade para um incrédulo... Eu nunca imaginaria que isso pudesse acontecer, Gabriel. Eu sempre pensei, como você já deve ter percebido há pouco, que a magia sempre houvera de existir, assim como o mundo. E, por falar nisso, nunca pensei realmente que a magia poderia ser usada desenfradamente pelos primitivos... — deteve-se, fazendo uma expressão incógnita — Por que nunca pensei nisso antes? — E retornando em si, continuou: — E como vocês prenderam algo tão poderoso? Por que não aprender com isso, potencializando o uso da magia que temos hoje? O que quero dizer é que, sim, é perigoso pela volatilidade, mas porque prendê-lo aqui ao invés de levá-lo pra um instituto mágico e readequá-lo? — E então entendeu, no fluxo de seu raciocínio, que aquele local era uma prisão e que estavam visivelmente tentando alcançar uma sela muito, mas muito bem protegida. — É tão perigo assim? ㅤㅤ ㅤFinite Incantatem. E tudo clareou. Era uma sala quadrada com uma tênue luz azulada, proveniente das bocas de... dragões! A varinha se firmou em sua mão direita e seu braço levantou por um momento, por reflexo, até que percebeu serem estátuas. Seus olhos se acostumavam com a luz e, provavelmente, foram eles a lhe confundir naquele momento. Seu coração disparado e, com um repentino alívio, murmurou: — Que susto... — Ao analisar o ambiente, o auror se deu conta da magia que lhe fora imposta durante os minutos passados. Daguerreo era um bruxo extremamente poderoso e exímio encantador, supunha o francês. Então ouviu o chamado de Gabriel para que lhe seguisse e, assim o fez, para ver o inumano detido. Inumano? ㅤㅤ ㅤ— Oww, meu deus!! — gemeu Càminn entre dentes, ao sentir o cheiro podre da saleta. Era repugnante apenas o cheiro, mas a visão lhe fez se sentir nauseado, enquanto algo lhe amolecia os membros inferiores. Levou o antebraço à face a fim de tapar a boca e suas vias respiratórias, no mesmo passo que semicerrou os olhos na tentativa de minimizar a catástrofe que lhe era jogada à vista. Um homem decapitado já podre, com sangue incrustado em sua pele e uma poça de sangue ainda parcialmente úmida sob o defunto. Passos à frente, outro corpo, este em posição fetal, de um homem sem parte do braço. — Mas que porcaria é essa, Gabriel!? — exclamou em alto som, horrorizado. Segurava a varinha agora em posição defensiva, olhando para os lados em alerta: — Vocês alimentam essa criatura com carne humana??? — Girou nos calcanhares, em busca de algo: — Aonde está?? ㅤㅤ ㅤSeus músculos estavam tensos e sua carranca era visível; estava pronto para lançar um feitiço ao menor sinal de ameaça. Até que seus olhos leram o letreiro em sangue na parede... Seus lábios abriram ao relaxar de seu maxilar, e sua voz pronunciou, num sibilo: — Savage....
Gabriel Catena Autoridades Máximas
Mensagens : 40 Data de inscrição : 04/09/2013 Idade : 52
Assunto: Re: Ala Oculta Sáb Out 19, 2013 5:53 pm
Com o fim da feitiçaria, pôde perceber como o local estava sendo apresentado. Um corpo de um senhor decapitado no chão? Certamente era o homem que o Senhor Daguerreo havia incumbido da tarefa de manter Savage vivo, mesmo que este nunca houvesse percebido. Não podia imaginar o que havia acontecido ali, mas certamente algo passara – e muito – dos limites. Teria que tomar uma atitude e, devido a gravidade do que estava acontecendo, seria agora – e abrupta.
Se tudo tivesse ocorrido conforme planejara com Thomas e se a poção do Senhor Daguerreo realmente causasse o efeito desejado, finalmente teria posto fim à interminável odisseia daquilo que vinha acontecendo. Savage perdera sua mão esquerda, pelo que notou, e não pôde notar sinais dela por ali... Teria o corpo decapitado algo haver com isto?
- Rápido, não temos tempo a perder. Novamente, peço que confie em mim e siga essas instruções. Pegue Savage e leve-o imediatamente ao hospital St. Mungus. Solicite todo o máximo em cuidados e o melhor medibruxo que aquele local possa ter. Interne-o com urgência, e faça isto por um pedido do próprio ministro. Tome, pegue isto. Não questionaram seus motivos e sequer perguntarão quem ele é – entregou para Deko uma insígnia ministerial, o que garantia o livre acesso a qualquer órgão sob jurisdição do ministério sem que fossem questionadas as razões para tal, e também o livre uso da aparatação ali dentro. – Seu exílio, agora mais do que nunca, terminou, mas preciso que mantenha assistência em Savage até que ele possa ser diagnosticado como fora de risco. Findado isto, envie-me um patrono quando tudo estiver concluído, pois ainda tenho algumas explicações para te fazer. Vá, depressa!
Gabriel não esperou pelas ações de Deko, pois sabia que este agiria rápido. Virou-se, perdeu um momento concentrando-se em suas emoções e disparou dois patronos que, sob as formas de ursos polares, desapareceram pela saída. Pelo uso da magia, suas cicatrizes nos olhos estavam profundas e vermelhas, e este sabia que havia passado dos limites por hoje. Virou-se com os olhos fixos em Deko e com a varinha em riste, imprimiu a mensagem tácita que traduzia sua expressão tensa. “Conto com você.” E então desaparatou dali.
Deko Càminn Aurores
Mensagens : 23 Data de inscrição : 06/09/2013 Idade : 52 Localização : Desconhecida
Assunto: Re: Ala Oculta Sex Out 25, 2013 8:42 pm
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ㅤㅤ ㅤ— Então é este o Savage? — exclamou Deko ao perceber que o corpo inerte com um dos membros superiores mutilado era o prisioneiro que estava a visitar. O que passara em sua cabeça quando recebera a informação de Gabriel de que seguiam para uma sela fora completamente diferente. Um descendente de Merlin, para Deko, pareceria alguém com extremo poder, dado a magia necessária para esconder aquela sela e dificultar a fuga da criatura. Mas aquela figura mirrada, ensangüentada, desvanecida no chão de pedra daquele recinto lhe pareceria inofensivo, dado que parecera vítima de algum ataque ou atentado, de alguém que lhe quisera roubar a vida... alguém que não quisesse que o ministro, nem mesmo o auror o encontrassem com vida. ㅤㅤ ㅤOuviu, então, as urgentes informações de Gabriel, recebendo uma insígnia ministerial, o que lhe firmava a idéia de o prisioneiro sofrera uma tentativa de homicídio. Seria aquele segundo corpo o autor daquele delito? ㅤㅤ ㅤPobre auror e suas especulações. Envolto em susto e pânico, ademais as magia e todo o mistério em torno daquele personagem lhe turvavam a mente: se estivesse mais calmo poderia raciocinar melhor e, se não fosse a pressa, elaboraria e perguntaria questões para o ministro da magia que peremptoriamente sabia o que estava acontecendo. ㅤㅤ ㅤTomou o corpo do pobre coitado e jogou nos ombros: ele tinha praticamente a mesma estatura que o auror, porém centímetros mais baixo e, naquela prisão, era estranhamente leve tendo em vista sua singela alimentação. Sentiu o cheiro do sangue e aquele aroma férrico lhe causou uma estranha aversão dado sua personalidade asseada. Entretanto, aquilo lhe deixou em poucos segundos, firmando Savage em seu ombro e virando para olhar o rosto de Gabriel, poucos segundos antes de aparatar. ㅤㅤ ㅤ— Segura firme, camarada! — e então, enfiando a insígnia no bolso do sobretudo já manchado de sangue, com a mão esquerda sacudiu a varinha e sumiu dali num vórtex negro, juntamente com quem ele achava ser um vítima. ㅤㅤ ㅤTeria sido melhor ser apático nesta noite, auror...