ㅤㅤ ㅤCorria como o vento entre as pessoas que aguardavam, em pleno horário de pico, o metrô que os levassem à suas casas naquele início de noite. O clima o dia todo fora nublado e chuviscoso, o que deixava as pessoas mais retesadas e, sem trocadilhos, frias. Desta forma, ninguém notou o bruxo se afastar da multidão e caminhar em direção aos velhos trilhos e dos túneis abandonados. O lastro de brita era escasso e, com a velocidade do francês, uma baixa coluna de poeira se levantou, sujando-lhe os sapatos engraxados. Não teve tempo de pensar em como se apresentaria para Catena, não estava preocupado com sua aparência; queria simplesmente chegar o mais rápido possível.
ㅤㅤ ㅤA escuridão aumentava e já não era mais possível ouvir o alvoroço da população no Estação Principal. Uma pressão lhe encheu os ouvidos, açoitando-lhe os tímpanos, à medida que avançava — agora mais lentamente numa caminhada. Era obra da magia que lhe movia de Oxford para o Londres, e, assim, como num clarão, enxergou ao fundo do túnel uma luz opaca e, tão logo, um cheiro insuportável. Havia chegado ao seu destino, na boca do esgoto atrás do Ministério da Magia. Pulara uma poça de lama e, com o barulho de sua movimentação, algumas ratazanas e baratas se sentiram incomodadas, saindo de seus esconderijos e correndo para o fundo do túnel, buscando mais escuridão.
ㅤㅤ ㅤDeteve-se por um segundo na rua pouco movimentada atrás do grandioso prédio do ministério. Sua visão se ajustava àquela claridade que, apesar de ser pouca devido o anoitecer, ainda era mais clara que as profundezas do túnel. Respirou fundo, olhou em sua volta e verificou seu relógio. Retomou as passadas aceleradas de sua corrida, rumo ao encontro de Gabriel Catena.